
Dia 30/10/2009 realizar-se-á o 2º SARAU DA CA DA PONTE e para já entrar no ritmo da poesia segue uma poesia minha recente, que expressa bem meus dias atuais, e que irei declamar por cá.
ENDECHA PARA A TRISTEZA
Hoje,
Não me queiras forte, poderosa
Não me peças um sorriso aberto,
que hoje meu rosto espantalho diluiu
Nem terás o meu sempre de todo dia
Vomitando frases de efeito
auto-ajuda em pílulas
ou filosofias que encontrei num trancelim
Hoje, somente hoje
Não me exijas conselhos, receitas, band-aid
Nem requeiras um ouvido disposto a escutar
Deixe-me parir o grito esdrúxulo que silencia minha voz
E de maneira nenhuma me solicites médica
mãe, amiga, artista, amante
Pois hoje,
meu eu inroível
ruiu
E Pelamordedeus
Não me digas o que devo sentir
Deixe-me voar com minha coleção de elefantes
E com flores mortas no cabelo, pular o abismo
Permitas que as águas nebulosas, o mar bravio,
me inundem os olhos,
E não apagues o fogo coração
que me faz o fígado de Prometeu bêbado
Por que hoje, somente hoje
A tristeza tomou conta de mim...
Mas não te preocupes com este encontro- morte
Por que amanhã, logo cedo
Convido a tristeza para a cama.
Devoro-a com mastigadas amargas
Acendo o cigarro que não fumo,
Olho-a com o repúdio que não aprendi
Viro-lhe as costas
e digo adeus. 04/08/2009
PS. Desde esse dia encontro quase diariamente a tristeza na soleira da porta. E insanamente há dias que jogo tijolos e solto cachorros, para em outros a chamá-la para beber um trago e beijá-la loucamente.
PS.2. Endecha: Composição poética para assuntos melancólicos. Poesia fúnebre de tom melancólico. Canção triste, de tom lamentoso e sentimental