terça-feira, 2 de março de 2010

Aglaia Souza em seu canto de poeta


No Sarau da Casa da Ponte deste janeiro uma poeta lançava seu livro: Cantaria, que fazendo jus ao nome é um canto da poeta, que está completando vinte e nove anos de sua arte aqui em Brasília. O livro é uma cantata dividida em: rito, vagar, improviso, antífona e hai kais e vale conferir...
Mas falar de poeta tem de ser com poesia, segue então algumas de sua peças:
Do rito:
Enluarada ou Magia branca em noite de lua cheia

Sem pedir licença
veio ventando
abrindo as portas
de par em par.

Sem nenhum aviso
nem mesmo deu tempo
de apagar a luz,
cortinas cerrar.

Agora o que faço?
As cabras fugiram
as aves voaram,
o medo a girar.

Sem vento, sem chuva,
sem sol, sem ribeiro,
ficou a pergunta
pairando no ar:

se não era meu,
porque me encantou?

A vela derrete,
o cristal se rompe.
Que maga sou eu?
Não sei ler luar.


E do improviso:

Cantabile

O chão canta
um canto de dor
se passa,rasteiro
passageiro cantor.

A voz leve
enleva e some:
só fica nos ares
um aroma e um nome.

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