quarta-feira, 21 de abril de 2010
No próximo sarau uma homenagem ao amor...
Já registrei que o inverno é minha estação favorita, mas neste ano é para o outono que faço festa. O outono juntamente com o romantismo de Chagall e a brisa das folhas caindo - após uma pausa cinza - trouxe novamente o vermelho do amor...
E a poeta aqui, no momento, incapaz de cantar este amor utiliza-se do último grande poeta romântico, Pablo Neruda, para representá-la. Aliás será este grande ícone latino o poeta homenageado no próximo Sarau da Casa da Ponte que realizar-se-á dia 30/04/10.
Neste texto escolhido o poeta se vale do pensamento que em tudo há dualidade: para existir a luz há de haver a sombra, para existir Deus há que ter o não Deus, para a fé conseqüentemente a não-fé. E o poeta nos fala o que seria um não amor, no grande amor que ele sente.
É o poema 44 do livro: Cem Sonetos de Amor:
Soneto XLIV
Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio
Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo todavia.
Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desditoso.
Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.
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