sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Vivendo metades...
Hoje realizar-se-á o 3º SARAU CASA DA PONTE e acordei afeita a intimidades.
Recentemente reencontrei uma frase que criei há algum tempo:
"NÃO SUPORTO METADES,
PREFIRO AQUELES QUE INSANAMENTE BEIJAM A VIDA POR COMPLETO"
Penso que este ano vivi a vida pela metade, verdadeiramente tudo.
As tristezas - tantas! - tinham um quê de positivas por que eram associadas às mudanças,e necessárias ...e as alegrias sempre tinham um quê de falta, de incompletude...
Se nos outros anos essas metades eram flash rápidos, neste 2009 o tudo pela metade impregnou diariamente, quase a metade, da minha retina!
Deixo uma poesia, que embora não minha, expressa bem esta sensação. É de um grande poeta carioca contemporâneo: Érico Braga. Sendo uma das minhas preferidas, e que frequentemente declamo, casou-se comigo este ano...
É CLARO QUE FOI TUDO PELA METADE,
Eu fui meio forte, fui quase covarde,
daquela vez em que quase fugi.
Por outro lado, também por ali
vi parte de um vulto, foi pela metade,
uma sombra, um fantasma, que eu juro que vi,
Mas, pensando bem, acho que essa saudade
me faz ver um passado que não sei se vivi.
E, falando em saudade, não sei se a cidade,
no meio do dia, em meio aos civis,
que andam soldados aos bancos, nas grades,
alheios às praças, tão presos em si;
como eles, não vejo, de minha sombra, a metade,
nem a parte que chora, nem a parte que ri.
Foi tudo, eu sei, quase pela metade,
aquele amor verdadeiro... que eu quase morri...
o amor derradeiro... acabou, já era tarde,
e, vejam, no fim, sei que quase sofri.
Enfim veio a canção, uma saudade,
Uma inspiração ou talvez piedade
pela indecisão — pelo que deixei de sentir.
Por uma vida de graça,
que, pelo preço da praça,
por metade...
...eu vendi
Érico Braga Barbosa Lima
(ver mais em "Estilhaçoes de Babel" Editora Antigo Leblon, 2006)
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